sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Componentes do grupo


Camilo Valle



Diego Campos



João Santinom



Michael Takeo



Paulo Miotto



Renan Guerra



Rodrigo Pandini



Vinicius Nunes

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Inácio José de Alvarenga Peixoto

Inácio José de Alvarenga Peixoto (Rio de Janeiro, 1744 — Ambaca, Angola, 1793) foi um poeta brasileiro.
Foi preso por participar da Inconfidência Mineira, e condenado ao degredo perpétuo na África.Era amigo de Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga, também escritores, igualmente inconfidentes e ambos condenados, na mesma sentença, ao degredo.


Biografia
Inácio José de Alvarenga Peixoto era coronel do primeiro regimento Auxiliar do Rio Verde, poeta carioca e marido de Bárbara Heliodora.


Bibliografia
A Dona Bárbara Heliodora, poesia
A Maria Ifigênia, poesia
Canto Genetlíaco, poesia, 1793
Estela e Nize, poesia
Eu Não Lastimo o Próximo Perigo, poesia
Eu Vi a Linda Jônia, poesia
Sonho Poético, poesia

Tomás Antônio Gonzaga

Tomás Antônio Gonzaga (Miragaia, 11 de Agosto de 1744 — Ilha de Moçambique, 1810), cujo nome arcádico é Dirceu, foi um jurista, escritor e ativista político luso-brasileiro. Considerado o mais proeminente dos poetas árcades, é ainda hoje estudado em escolas e universidades por seu "Marília de Dirceu" (versos notadamente árcades feitos para sua amada).

Biografia
Nascido em Miragaia, freguesia da cidade portuguesa do Porto, em prédio hoje devidamente assinalado. Era filho de mãe portuguesa e pai brasileiro. Órfão de mãe no primeiro ano de vida, mudou-se com o pai, magistrado brasileiro para Pernambuco em 1751 depois para a Bahia, onde estudou no Colégio dos Jesuítas. Em 1761, voltou a Portugal para cursar Direito na Universidade de Coimbra, tornando-se bacharel em Leis em 1768. Com intenção de lecionar naquela universidade, escreveu a tese Tratado de Direito Natural, no qual enfocava o tema sob o ponto de vista tomista, mas depois trocou as pretensões ao magistério superior pela magistratura. Em 1778, exerceu o cargo de juiz de fora na cidade de Beja, em Portugal. Quando voltou ao Brasil, em 1782, foi nomeado Ouvidor dos Defuntos e Ausentes da comarca de Vila Rica, atual cidade de Ouro Preto, então capital da capitania de Minas Gerais. Um ano depois conheceu a adolescente de apenas quinze anos Maria Joaquina Dorotéia de Seixas Brandão, a pastora Marília em uma das possíveis interpretações de seus poemas, que teria sido imortalizada em sua obra lírica (Marília de Dirceu) - apesar de ser muito discutível essa versão, tendo em vista as regras retórico-poéticas que prevaleciam no século XVIII, época em que o poema fora escrito.
Durante sua permanência em Minas Gerais, escreve Cartas Chilenas, poema satírico em forma de epístolas, uma violenta crítica ao governo colonial. Promovido a desembargador da relação da Bahia em 1786, resolve pedir em casamento Maria Dorotéia dois anos depois. O casamento é marcado para o final do mês de maio de 1789. Como era pobre e bem mais velho que ela, sofreu oposição da família da noiva.
Apesar do pequeno papel na Inconfidência Mineira ou Conjuração Mineira (primeira grande revolta pró-independência do Brasil), é acusado de conspiração e preso em 1789, cumprindo sua pena de três anos na Fortaleza da Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro, tendo seus bens confiscados. Foi, portanto, separado de sua amada, Maria Dorotéia. Sua implicância na Inconfidência Mineira parece ter sido fruto de calúnias arquitetadas por seus adversários. Permanece em reclusão por três anos, durante os quais, teria escrito a maior parte das liras atribuídas a ele, pois não há registros de assinatura em qualquer uma de suas poesias. Em 1792, sua pena é comutada em desterro e o poeta é enviado a costa oriental da África, a fim de cumprir, em Moçambique, a sentença de dez anos de degredo.
No mesmo ano é lançada em Lisboa a primeira parte de Marília de Dirceu, com 33 liras (nota-se que não houve participação, portanto, do poeta na edição desse conjunto de liras, e até hoje não se sabe quem teria feito). No país africano trabalha como advogado e hospeda-se em casa de abastado comerciante de escravos, vindo a se casar em 1793 com a filha dele, Juliana de Sousa Mascarenhas ("pessoa de muitos dotes e poucas letras"),com quem teve dois filhos: Ana Mascarenhas Gonzaga e Alexandre Mascarenhas Gonzaga, vivendo depois disso, durante quinze anos, rico e considerado, até morrer em 1810, acometido por uma grave doença. Em 1799, é publicada a segunda parte de Marília de Dirceu, com mais 65 liras. No desterro, ocupou os cargos de procurador da Coroa e Fazenda, e o de juiz de Alfândega de Moçambique (cargo que exercia quando morreu). Gonzaga foi muito admirado por poetas Romantismo/românticos como Casimiro de Abreu e Castro Alves. É patrono da cadeira de número 37 da Academia Brasileira de Letras.
Suas principais obras são: Tratado de Direito Natural; Marília de Dirceu (coleção de poesias líricas, publicadas em três partes, em 1792, 1799 e 1812 - hoje sabe-se que a terceira parte não foi escrita pelo poeta); Cartas Chilenas (impressas em conjunto em 1863).


Características literárias
A poesia de Tomás Antonio Gonzaga apresenta as típicas características árcades e neoclássicas: o pastoril, o bucólico, a Natureza amena, o equilíbrio, etc. Paralelamente, possui características pré-românticas (principalmente na segunda parte de Marília de Dirceu, escrita na prisão): confissões de sentimento pessoal, ênfase emotiva estranha aos padrões do neoclassicismo, descrição de paisagens brasileiras, etc.
O convívio com o Iluminismo põe em seu estilo a preocupação em atenuar as tenções e racionalizar os conflitos.
Tomás Antonio Gonzaga escreve versos marcados por expressão própria, pela harmonização dos elementos racionais e afetivos e por um leve toque de sensualidade. Segundo Alfredo Bosi, Gonzaga está acima de tudo preocupado em "achar a versão literária mais justa dos seus cuidados". Assim, "a figura de Marília, os amores ainda não realizados e a mágoa da separação entram apenas como 'ocasiões' no cancioneiro de Dirceu", o que diferencia o autor dos seus futuros colegas românticos.


Representações na cultura
Tomás Antônio Gonzaga já foi retratado como personagem no cinema e na televisão, interpretado por Gianfrancesco Guarnieri na novela "Dez Vidas" (1969), Luiz Linhares no filme "Os Inconfidentes" (1972) e Eduardo Galvão no filme "Tiradentes" (1999).
Sobre esta escolha, registrou Afrânio Peixoto:
"A Silva Ramos, que lembrara Gonçalves Crespo, nascido no Brasil, não o permitiram, por «português», aceitando, entretanto, Gonzaga, que nascera em Portugal..."



Retrato do poeta luso-brasileiro Tomás Antônio Gonzaga - feito com base em gravura do século XIX.

Basílio da Gama


José Basílio da Gama (São João del Rei, 8 de abril de 1740 — Lisboa, 31 de julho de 1795) foi um poeta brasileiro da época colonial. Filho de pai português e mãe também natural do Brasil.
Ficou órfão e foi para o Rio de Janeiro. Entrou em 1757 para a Companhia de Jesus. Dois anos depois a ordem é expulsa do Brasil e o poeta foi para Portugal e depois para Roma, onde foi admitido na Arcádia Romana. De volta a Lisboa, por suspeita de Jansenismo, foi condenando ao degredo em Angola; salvou-o um epitalâmio que dedicou à filha do marquês de Pombal, que o indultou e protegeu.
Em 1769, publica o poema épico O Uraguai, que tem por assunto a guerra movida por Portugal aos índios das missões do Rio Grande do Sul (Sete Povos das Missões). Mais tarde foi nomeado oficial da Secretaria do Reino. Patrono da Academia Brasileira de Letras.



Obras
O Uraguai (1769)

Cláudio Manuel da Costa

Cláudio Manuel da Costa (Vargem do Itacolomi, 5 de junho de 1729 — Vila Rica, 4 de julho de 1789) foi um advogado e poeta brasileiro da época colonial.
Filho de João Gonçalves da Costa, português, e Teresa Ribeira de Alvarenga, mineira, nasceu no sítio da Vargem do Itacolomi, freguesia da vila do Ribeirão do Carmo, atual cidade de Mariana em Minas Gerais.
Tornou-se conhecido principalmente pela sua obra poética e pelo seu envolvimento na Inconfidência Mineira. Contudo, foi também advogado de prestígio, fazendeiro abastado, cidadão ilustre, pensador de mente aberta e mecenas do Aleijadinho. Estudou cânones em Coimbra e há quem acredite que ele tenha traduzido a obra de Adam Smith para o português, mas isso nunca foi muito bem fundamentado.



Vida
Com vinte anos embarcou para Portugal, com destino a Coimbra, em cuja Universidade se formou em cânones. Entre 1753 e 54 recolheu ao Brasil, dando-se à advocacia em Vila Rica (hoje Ouro Preto), jurista culto e renomado da época, ali exerceu o cargo de procurador da Coroa, desembargador, também exerceu por duas vezes o importante cargo de secretário do Governo. Por incumbência da Câmara de Ouro Preto elaborou "carta topográfica de Vila Rica e seu têrmo" em 1758.
Por sua idade, boa lição clássica, fama de douto e crédito de autor publicado, exerceu Cláudio da Costa ali uma espécie de magistério entre os seus confrades em musa, maiores e menores, que todos lhe liam as suas obras e lhe escutavam os conselhos, era uma das figuras principais da Capitania.
Aos sessenta anos foi comprometido na chamada Conjuração Mineira. Preso e, para alguns, apavorado com as conseqüências da tremenda acusação de réu de inconfidência, morreu em circunstâncias obscuras, em Vila Rica, no dia 4 de julho de 1789, quando teria se suicidado na prisão.
Os registros da trajetória da vida de Cláudio revelam uma bem sucedida carreira no campo político, literário e profissional. Foi secretário de vários governadores, poeta admirado até em Portugal e advogado dos principais negociantes da capitania no seu tempo. Acumulou ampla fortuna e sua casa em Vila Rica, era uma das melhores vivendas da capital. Sólida e suntuosa construção que ainda lá está a desafiar o tempo.
A memória de Cláudio Manuel da Costa, porém, não teve a mesma sorte. Até hoje paira sobre ele a suspeita de ter sido um miserável covarde que traiu os amigos e se suicidou na prisão. Outros negam até a própria relevância da sua participação na inconfidência mineira, pintando-o como um simples expectador privilegiado, amigo de Tomás Antônio Gonzaga e Alvarenga Peixoto, freqüentadores assíduos dos saraus que ele promovia.
Cláudio tentou, ele próprio, diminuir a relevância da sua participação na conspiração, mas estava apenas tentando reduzir o peso da sua culpa diante dos juizes da devassa. Os clássicos da historiografia da inconfidência mineira são unânimes em valorizar sua participação no movimento. Parece que ele era meio descrente com as chances militares da conspiração. Mas não deixou de influenciar no lado mais intelectualizado do movimento, especialmente no que diz respeito à construção do edifico jurídico projetado para a república que pretendiam implantar em Minas Gerais, no final do século XVIII.
De qualquer modo José Pedro Machado Coelho Torres, juiz nomeado para a Devassa de 1789 em Minas Gerais, dele diz o seguinte: "O dr. Cláudio Manoel da Costa era o sujeito em casa de quem se tratou de algumas cousas repeitantes à sublevação, uma das quais foi a respeito da bandeira e algumas determinações do modo de se reger a República: o sócio vigário da vila de S. José é quem declara nas perguntas formalmente"...



Representações na cultura
Cláudio Manuel da Costa já foi retratado como personagem no cinema e na televisão, interpretado por Emiliano Queiroz no filme "Tiradentes" (1999), Fernando Torres no filme "Os Inconfidentes" (1972) e na novela "Dez Vidas" (1969) e Carlos Vereza no filme "Aleijadinho - Paixão, Glória e Suplício" (2003).


Obras
Epicediu, consagrado à memória de fr. Gaspar da Encarnação - Coimbra, 1753.
Labirinto de amor, poema - Coimbra, 1753.
Númerosos harmônicos - Coimbra, 1753.
Obras Poéticas - Coimbra, 1768
Vila Rica, 1773
Soneto
Entre o Velho e o Novo Mundo
Poesias diversas - Revista Brazileira, Rio de Janeiro, 1895 (post.).
Minusculo métrico, romance heróico - Coimbra 1751.

Santa Rita Durão

Frei José de Santa Rita Durão (Cata Preta, 1722 — Lisboa, 1784) foi um religioso agostiniano brasileiro do colonial, orador e poeta. É também considerado um dos precursores do indigenismo no Brasil. Seu poema épico Caramuru é a primeira obra a ter como tema o habitante nativo do Brasil; foi escrita ao estilo de Luís de Camões, imitando um poeta clássico assim como faziam os outros neoclássicos (árcades).
Vida
Estudou no Colégio dos Jesuítas no Rio de Janeiro até os dez anos, partindo no ano depois para a Europa, onde se tornaria padre agostiniano. Doutorou-se em Filosofia e Teologia pela Universidade de Coimbra, e em seguida lá ocupou uma cátedra de Teologia.
Durante o governo de Pombal, foi perseguido e abandonou Portugal. Trabalhou em Roma como bibliotecário durante mais de 20 anos, até a queda de seu grande inimigo, retornando então ao país luso. Esteve ainda na Espanha e na França. Voltando e Portugal com a "viradeira" (queda de Pombal e restauração da cultura passadista), a sua principal atividade será a escrita de Caramuru, publicado em 1781. Morre em Portugal em 24 de janeiro de 1784.
Ao Brasil não voltaria mais, e sua epopéia é uma forma de demonstrar que ainda tinha lembranças de sua terra natal.
Obra
Quase a única obra restante escrito por Durão é seu poema épico de dez cantos, Caramuru, o qual é extremamente preso ao modelo de Camões. Formado por oitavas rimadas e incluindo informação erudita sobre a flora e a fauna brasileiras e os Índios do país. Caramuru é um tributo à sua terra natal. Segundo a tradição, a reação da crítica e do público ao seu poema foi tão fria que Santa Rita Durão destruiu o restante de sua obra poética.
Lista de obras
Pro anmia studiorum instauratione oratio (1778)
Caramuru (1781)

Camões


Luís Vaz de Camões (cerca de 1524 — 10 de Junho de 1580) é frequentemente considerado como o maior poeta de língua portuguesa e dos maiores da Humanidade. O seu génio é comparável ao de Virgílio, Dante, Cervantes ou Shakespeare. Das suas obras, a epopeia Os Lusíadas é a mais significativa.



Origens e juventude
Camões teria nascido em Lisboa ou Alenquer por volta de 1524 ou 1525, de uma família de origem galega que se fixou primeiro no Norte (Chaves) e depois irradiou para Coimbra e Lisboa. Foi seu pai Simão Vaz de Camões e mãe Ana de Sá e Macedo. Por via paterna, Camões seria trineto do trovador galego Vasco Pires de Camões, e por via materna, aparentado com o navegador Vasco da Gama.
Entre 1542 e 1545, viveu em Lisboa, trocando os estudos pelo ambiente da corte de D. João III, conquistando fama de poeta, e feitio altivo.
Viveu algum tempo em Coimbra onde teria frequentado o curso de Humanidades, talvez no Mosteiro de Santa Cruz, onde tinha um tio padre D. Bento de Camões. Não há registos da passagem do poeta por Coimbra. Em todo o caso, a cultura refinada dos seus escritos torna a única universidade de Portugal do tempo como o lugar mais provável de seus estudos. Ligado à casa do Conde de Linhares, D. Francisco de Noronha, e talvez preceptor do filho D. António, segue para Ceuta em 1549 e por lá fica até 1551. Era uma aventura comum na carreira militar dos jovens, recordada na elegia Aquela que de amor descomedido. Num cerco, teve um dos olhos vazados por uma seta pela fúria rara de Marte. Ainda assim, manteve as suas potencialidades de combate.
De regresso a Lisboa, não tarda em retomar a vida boémia. São-lhe atribuídos vários amores, não só por damas da corte mas até pela própria irmã do Rei D. Manuel I. Teria caído em desgraça, a ponto de ser desterrado para Constância. Não há, porém, o menor fundamento documental. No dia do Corpo de Deus de 1552 entra em rixa, e fere um certo Gonçalo Borges. Preso, é libertado por carta régia de perdão de 7 de Março de 1553, embarcando para a Índia na armada de Fernão Álvares Cabral, a 24 desse mesmo mês.


Oriente
Chegado a Goa, Camões toma parte na expedição do Vice-Rei D. Afonso de Noronha contra o Rei de Chembe, conhecido como o «rei da pimenta». A esta primeira expedição refere-se a elegia O Poeta Simónides falando. Depois Camões fixa-se em Goa onde escreveu grande parte da sua obra épica. Considerou a cidade como uma madrasta de todos os homens honestos. Lá estudou os costumes de cristãos e hindus, e a geografia e a história locais. Toma parte em mais expedições militares. Entre Fevereiro e Novembro de 1554 vai na armada de D. Fernando de Meneses constituída por mais de 1000 homens e 30 embarcações, ao Golfo Pérsico, aí sentindo a amargura expressa na canção Junto de um seco, fero e estéril monte. No regresso é nomeado "provedor-mor dos defuntos nas partes da China" pelo Governador Francisco Barreto, para quem escreveria o Auto do Filodemo.
Em 1556 parte para Macau, onde continuou os seus escritos. Vive numa célebre gruta com o seu nome e por aí terá escrito boa parte de "Os Lusíadas". Naufragou na foz do rio Mekong, onde conservou de forma heróica o manuscrito d'Os Lusíadas então já adiantados (cf. Lus., X, 128). No naufrágio teria morrido a sua companheira chinesa Dinamene, celebrada em série de sonetos. É possível que datem igualmente dessa época ou tenham nascido dessa dolorosa experiência as redondilhas Sôbolos rios.
Regressa a Goa antes de Setembro de 1560 e pede a protecção do Vice-Rei D. Constantino de Bragança num longo poema em oitavas. Aprisionado por dívidas, dirige súplicas em verso ao novo Vice-Rei, D. Francisco Coutinho, Conde do Redondo, para ser liberto. Em 1568, vem para a Ilha de Moçambique, onde, passados dois anos, Diogo do Couto o encontrou, como relata na sua obra, acrescentando que o poeta estava "tão pobre que vivia de amigos". (Década 8.ª da Ásia). Trabalhava então na revisão de Os Lusíadas e na composição de "um Parnaso de Luís de Camões, com poesia, filosofia e outras ciências", obra roubada. Diogo do Couto pagou-lhe o resto da viagem até Lisboa, onde Camões aportou em 1570. Em 1580,de regresso a Lisboa, assistiu à partida do exército português para o norte de África, morre numa casa de Santana, em Lisboa, sendo enterrado numa campa rasa numa das igrejas das proximidades.


Os Lusíadas e a obra lírica
Os Lusíadas é considerada a principal epopeia da época moderna devido à sua grandeza e universalidade. As realizações de Portugal desde o Infante D. Henrique até à união dinástica com Espanha em 1580 são um marco na História, marcando a transição da Idade Média para a Época Moderna. A epopeia narra a história de Vasco da Gama e dos heróis portugueses que navegaram em torno do Cabo da Boa Esperança e abriram uma nova rota para a Índia. É uma epopeia humanista, mesmo nas suas contradições, na associação da mitologia pagã à visão cristã, nos sentimentos opostos sobre a guerra e o império, no gosto do repouso e no desejo de aventura, na apreciação do prazer e nas exigências de uma visão heróica.
A obra lírica de Camões foi publicada como "Rimas", não havendo acordo entre os diferentes editores quanto ao número de sonetos escritos pelo poeta e quanto à autoria de algumas das peças líricas. Alguns dos seus sonetos, como o conhecido Amor é fogo que arde sem se ver, pela ousada utilização dos paradoxos, prenunciam já o Barroco que se aproximava.

O estilo
É fácil reconhecer na obra poética de Camões dois estilos não só diferentes, mas talvez até opostos: um, o estilo das redondilhas e de alguns sonetos, na tradição do Cancioneiro Geral; outro, o estilo de inspiração latina ou italiana de muitos outros sonetos e das composições (h)endecassílabas maiores. Chamaremos aqui ao primeiro o estilo engenhoso, ao segundo o estilo clássico. O estilo engenhoso, tal como já aparece no Cancioneiro Geral, manifesta-se sobretudo nas composições constituídas por mote e voltas. O poeta tinha que desenvolver um mote dado, e era na interpretação das palavras desse mote que revelava a sua subtileza e imaginação, exactamente como os pregadores medievais o faziam ao desenvolver a frase bíblica que servia de tema ao sermão. No desenvolvimento do mote havia uma preocupação de pseudo-rigor verbal, de exactidão vocabular, de modo que os engenhosos paradoxos e os entendimentos fantasistas das palavras parecessem sair de uma espécie de operação lógica.



Obras
1572- Os Lusíadas

Lírica
1595 - Amor é fogo que arde sem se ver
1595 - Eu cantarei o amor tão docemente
1595 - Verdes são os campos
1595 - Que me quereis, perpétuas saudades?
1595 - Sobolos rios que vão
1595 - Transforma-se o amador na cousa amada
1595 - Sete anos de pastor Jacob servia
1595 - Alma minha gentil, que te partiste
1595 - Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
1595 - Quem diz que Amor é falso ou enganoso

Teatro
1587 - El-Rei Seleuco
1587 - Auto de Filodemo
1587 - Anfitriões

Mario Cardoso

Mario Cardoso (Lisboa, Portugal, 24 de janeiro de 1950) é um ator consagrado nas novelas brasileiras. Desde os anos 90 empresta a sua voz a muitos personagens.
Trabalhos na TV
2006 - Páginas da Vida-Gonzaga
2005 - A Lua me disse - Olavo
2005 - América - Oswaldo
2001 - As Filhas da Mãe - dr. Aírton
1996 - Xica da Silva - Capitão-Mor Sebastião Albuquerque (Rede Manchete)
1996 - Vira-Lata - Basílio
1992 - Anos Rebeldes - policial (minissérie)
1991 - O fantasma da ópera (minissérie) - Bruno (Rede Manchete)
1990 - Brasileiras e Brasileiros - Bruno (SBT)
1987 - Carmem - Ribeiro (Rede Manchete)
1986 - Tudo ou Nada - Adílson (Rede Manchete)
1986 - Dona Beija - Clariovaldo (Rede Manchete)
1985 - Uma Esperança no Ar - Edgar (SBT)
1983 - Razão de Viver - Jonas (SBT)
1982 - Paraíso - Otávio
1980 - Coração Alado - Beto
1980 - Olhai os lírios do campo - Carlo Bellini
1979 - Feijão Maravilha - Ivan
1976 - Escrava Isaura - Henrique
1975 - A Moreninha - Augusto
1975 - Escalada - Ricardo
Dublagem
Prof. Utonium - As Meninas Superpoderosas
Jack Cardigan- Tek War
Jorge Saotome (ajudante de Sr. Koenma e sempre chamado de "Diabo" por ele) - Yu Yu Hakusho
Lorde Bravura - Freakazoid
Thortle - Missão Marte

Marquesa de Alorna

Leonor de Almeida Portugal, filha de D. João de Almeida Portugal, conde de Assumar, conhecida ainda como D. Leonor de Almeida Portugal de Lorena e Lencastre e como a poeta "Alcipe", nasceu em Lisboa em 31 de outubro de 1750 e morreu em 11 de outubro de 1839 em Benfica, na mansão do neto, veador honorário da Fazenda (Finanças) da Casa Real, Marquês de Fronteira, D. José Trazimundo Mascarenhas Barreto Palha.


Títulos
D. Leonor, aquando da sua morte, somava os título de Donatária de Assumar(6ª), condessa de Assumar (7ª), Marquesa de Alorna (4ª) - sucedendo ao irmão, o terceiro Marquês de Alorna e quinto Conde de Assumar, D. Pedro, devido ao seu falecimento em 1813, nos títulos a 26 de outubro de 1823 -, Morgada de Vale de Nabais (5ª), Dama das Ordens de Santa Isabel de Portugal e da Cruz Estrelada da Áustria, Comendadora da Ordem de São João de Jerusalém, Dama de honra de D. Carlota Joaquina, da Sereníssima Regente Infanta D. Isabel Maria de Bragança e da Rainha D. Maria II de Portugal. Foi, na Áustria, Condessa de Oyenhausen-Granvensburgo.



Nascimento e Juventude
varias línguas, tinha uma vasta instrução científica, desenhava e pintava admiravelmente, sem desdenhar ao mesmo tempo as prendas próprias do seu sexo. Era de carácter afável, sabia amenizar com a sua meiguice e candura as amarguras da mãe, tornara-se querida de todas as religiosas.»
Quando o marquês, seu pai, saiu da prisão, dirigiu-se ao convento, onde na grade o esperavam sua mulher e filhas, acompanhadas de parentes, para o cumprimentarem. Foram viver para a Quinta de Vale de Nabais, nas proximidades de Almeirim e depois em Lisboa. D. Leonor era o encanto da sociedade, seu talento elevado, espírito finíssimo e puramente aristocrata, o prestigio do infortúnio que sofrera, a audácia de ter afrontado as iras de Pombal, a tornavam digna da consideração e respeito.
Saiu do convento aos vinte e sete anos «em situação moral demasiadamente penosa para que sua poesia pudesse ser o risonho passa-tempo da época», diz Hernani Cidade. Sobretudo, viveu quase toda a poesia realizada na prisão de Chelas.» «Bem mais interessantes são as composições poéticas em que, senão ainda com uma expressão romântica, ao menos com romântica sensibilidade a acentuar-se mais e mais, nos dá as impressões da sua vida conventual».´«E é grato reconhecer - grato e surpreendente! - que, no coletivo abastardamento que tanta vez transforma a lira dos poetas em rabeca de mendigos cegos, da de Alcipe jamais se elevasse um acento de súplica ao ministro que a sequestrava. Altivez que radicou nos contemporâneos impressão que floriu em lenda. Segundo ela, quando o arcebispo de Lacedemona, criatura de Pombal, lhe comunicava a indignação do ministro por ter facilitado, sem respeito pelo estatuto claustral, a visita do irmão disfarçado em aguadeiro à mãe enferma, repondeu altivamente com dois versos de Corneille: 'Le cœur d'Eléonore est trop noble et trop franc pour craindre ou respecter le bourreau de son sang". Ou seja: «O coração de Leonor é nobre demais e franco demais para temer ou respeitar o carrasco de seu sangue».



Casamento
Casou em Lisboa em 15 de fevereiro de 1779 com Carlos (Pedro Maria José) Augusto (3 de janeiro de 1739-3 de março de 1793) Conde de Oyenhausen-Groewenbourg na Austria e Conde do Sacro Império Romano, filho de Frederico Ulperico Conde de Oyenhausen-Groewenbourg no Sacro Império Romano e de D. Frederica Guilhermina de Lorena. Gentil-Homem do rei Jorge II da Inglaterra. Ajudante de Campo junto do General Sporch das forças de Hanover destacadas na Inglaterra. Fez a Guerra dos Sete Anos no exército do Príncipe Fernando de Brunswick; ajudante-general junto do Príncipe de Anhalt Bernbourg. General em chefe das tropas de Hesse-Cassel. Ao serviço do landgrave Frederico Guilherme em diversas negociações em Viena, Haia, Berlim, onde assinou como plenipotenciário o contrato d casamento do Landgrave com a princesa de Brandemburgo, sobrinha do rei da Prússia. Passou ao serviço de D. Maria I de Portugal em setembro de 1777 com a patente de brigadeiro. Nomeado em 1780 Ministro Plenipotenciário em Viena. Marechal-de-campo em 1789.. Tenente-General, Inspetor Geral da Infantaria em 1792. Do Conselho de Estado de D. Maria I; nomeado Governador das armas do Algarve, morreu antes de ocupar o cargo. Era comendador, na Ordem de Cristo, de São João de Vila Meã e de França.
Enamorada do fidalgo hanoveriano, o conde Carlos Augusto de Oeynhausen, que viera a Portugal com o primo co-irmão, o Conde-Reinante de Schaumbourg-Lippe, contratado em 1762 por Pombal para organizar e comandar o exército, ele, para a desposar, não duvidou converter-se.
Casaram em 15 de fevereiro de 1779, sendo madrinha a rainha e padrinho D. Pedro III de Portugal. O Conde foi armado cavaleiro da Ordem militar de Cristo em cerimónia a que assistiu a corte. A rainha deu-lhe o abraço ou acolada, o Rei pôs-lhe o cinturão e tocou-o com a espada nua, D. José e D. João ajudaram os reis, seus pais, na investidura.



No Porto, em Viena
Tendo o comando do 6º regimento de infantaria, com sede no Porto, Oeynhausen foi residir naquela cidade. Mais tarde foi nomeado ministro plenipotenciário de Portugal em Áustria; partiram para Viena por terra, ficando a filha com a avó. Demoraram-se nas cortes de Espanha e de França, sendo a condessa recebida pelos reis Carlos III de Espanha e Luís XVI de França. Conheceu os Necker e sua prestigiosa filha, Madame de Stael. Chegando a Viena, ganhou as simpatias da imperatriz Maria Teresa e do seu sucessor, D. José II, que a nomeou Dama da Cruz Estrelada. Quando Pio VI foi visitar o imperador, também teve a honra de ser recebida pelo papa.
Tornou-se notável em Viena como poetisa e pintora. Mandou para Lisboa, ao pai, o quadro da Soledade; o quadro Amor conjugal oferecido à princesa D. Maria Benedita, ardeu no incêndio do paço de Ajuda. Pintou outros, seu retrato e uma copia da Sybilla de Guido Reni. A maior parte, hoje perdidos. Sua saúde não se deu bem com o clima da Áustria; como os negócios de sua casa reclamavam a sua presença, Oeynhausen voltou para Lisboa, sendo nomeaado inspector-Geral da infantaria com o posto de tenente-general. Estava nomeado governador do Algarve ao morrer a 3 de março de 1793, aos 54 anos.



Viuvez e retiro; o exílio
D. Leonor retirou-se com os filhos para suas propriedades de Almeirim, e outras em Almada. Entregou-se à educação dos filhos, estimada pelos benefícios que dispensava aos pobres; em Almeirim, pagava a uma mestra para ensinar as raparigas da vila e das povoações vizinhas a ler, escrever, coser. Foi nomeada dama de honor da rainha D. Carlota Joaquina e encarregada de elaborar os desenhos para a decoração do paço da Ajuda, o que não executou.
Morto o pai em 1802, partiu para Madrid e para a Inglaterra, onde se demorou, por ter tido notícia da entrada dos franceses em Portugal e da fuga da família Real. Frequentava casas inglesas e a do embaixador de Portugal D. Domingos de Sousa Coutinho, Conde do Funchal.



Retorno a Lisboa e novo exílio
Maçon, era filha do 2º Marquês de Alorna D. João de Almeida Portugal e sua família foi perseguida pelo marquês de Pombal por ter parentesco com os Távoras. Reclusa em Chelas de 1758 a 1777. Esteve no exílio de 1803 a 1814. Teve uma infância atribulada, pois aos 8 anos foi encerrada como prisioneira com a mãe e a irmã no convento de São Félix em Chelas, estando seu pai preso e encarcerado na Torre de Belém e depois no forte da Junqueira, suspeito de conhecimento do crime dos Távoras. Na verdade, segundo informa Hernani Cidade em Marquesa de Alorna, Poesias, «era acusado de ter emprestado uma espingarda caçadeira a um dos conjurados.»
Pombal ordenara a prisão dados os laços de parentesco que ligava os Alorna com a família dos Marqueses de Távora. 0 infortúnio durou dezoito anos, findos os quais, por morte de el-rei D. José I de Portugal, sua filha a rainha D. Maria I de Portugal, subindo ao trono, mandou libertar os prisioneiros do Estado. Alguns, porém, não quiseram usar da liberdade sem que primeiro fosse proclamada sua inocência, como seu pai.
Em Chelas passou a primeira quadra da vida, com a mãe e a irmã, entregando-se ao estudo das obras de Rousseau, Voltaire, Montesquieu, Pierre Bayle e até a Enciclopédia de D'Alembert e Diderot, à composição de poesias que alcançaram grande fama e que figuraram nas suas obras completas com o titulo de Poesias de Chelas. Estavam em voga os chamados outeiros pela corte, e principalmente pelos conventos, e além dos sócios da Arcádia, havia bons poetas, entre os quais se distinguia Francisco Manuel do Nascimento, com o nome Filinto Elísio. Este poeta, com alguns amigos, começou a ir ao convento de Chelas, recitando versos, pedindo motes às freiras, esperando encontrar D. Leonor de Almeida e ouvi-la na grade. Com efeito a jovem apareceu, brilhou e confundiu os admiradores do seu talento.
«Data destes encontros o nome de Alcipe, com que eles a celebraram, assim como o de Daphne, que deram a sua irmã, D. Maria de Almeida. Era permitido e tolerado em todos os conventos, nessa época, quando alguma senhora, freira ou secular, se via gravemente enferma, e algum parente insuspeito a queria visitar, como pai, irmão ou filho, tomar o lugar dum dos criados do convento, e conduzir à cela da enferma qualquer coisa que por outra pessoa não conviesse que fosse levada. Achava-se a Marquesa muito doente, e vinha para lhe falar o filho D. Pedro de Almeida Portugal, depois 3º Marquês de Alorna; D. Leonor, vendo o irmão chegar à portaria, e estando ali o aguadeiro com o barril, fez com que pusesse o barril às costas, e assim fosse encontrar-se com sua mãe. Havia, porém, a circunstância desta senhora ser presa do Estado, o que causou grande impressão, havendo denuncia para o arcebispo de Lacedemónia. O prelado obrigou D. Leonor a não sair da cela, determinando-lhe que cortasse os cabelos e se vestisse de cor honesta. D. Leonor não fez caso desta O, e quando o arcebispo voltou, ameaçou-a com o Marquês de Pombal, ao que a poetisa respondeu com altivez que não era professa. O arcebispo conteve-se, e desistiu de a apoquentar. Seu pai enviava-lhes com dificuldade cartas escritas com seu sangue, a que a jovem começou a responder, desde que completou 11 anos de idade, em consequência da enfermidade da mãe. Houve um momento em que mostrou desejos de professar, pelo desgosto inaudito que sofreu, vendo que tinha perdido uma das cartas de seu pai; chegou a fazer os exercidos espirituais de Santo Inácio de Loiola, que em lugar de dez dias, segundo a pratica, foram de 20. Dissuadiu-a do propósito frei Alexandre da Sagrada Família, tio de Almeida Garrett, e que depois foi bispo de Malaca e bispo de Angra. Apesar dos seus trabalhos artísticos e literários, porque D. Leonor entregava-se também à pintura, podia se dedicar ao serviço de enfermeira, de refeitoreira e de organista do convento. Conhecia a fundo Voltou em 1809; sua situação tornava-se critica: o irmão, D. Pedro, partira para a França no comando da Legião Portuguesa, e apesar de ter mandado seu filho para o Rio de Janeiro, os governadores do reino a intimaram para partir.
Ficou na Inglaterra até 1813, quando faleceu D. Pedro de Almeida; obtendo licença para regressar, vindo residir para Benfica, na casa do neto, o Marquês de Fronteira D. José Trazimundo de Mascarenhas Barreto. Ao fim de dez anos conseguiu a reabilitação da memória do irmão, condenado como traidor à pátria; passou a usar do título de 4ª Marquesa de Alorna, e 6ª condessa de Assumar, como herdeira do irmão.
Regressando do exilio, reivindicou em 1815 por morte do irmão o título e os vínculos por ele deixados. Seus biografos descrevem-na vivendo no palácio da Anunciada e nas quintas d Almada e Almeirim - ocultam sua ignorância em saber administrar seus bens, as privações sofridas, situação de grande penuria por xxvezes, o que é dificil crer, pois tinham duas quintas e recebiam do Erario Real a pensão d 12 mil cruzados por serviços do pai.
D. José Trazimundo em suas «Memorias» diz:
«Minha avó passava mais facilmente sem dinheiro do que sem banqueiro. Nunca conseguiu ter cinco moedas juntas mas desde que foi senhora da Casa nunca dispensou um banqueiro. Minha avó e tias tomaram uma parte do palácio do Lavra, à Anunciada; grande loucura, porque não tinham fortuna para se estabelecerem tão ostentosamente. Muitas vezes meu bom tio, o Marquês de Aracati, se dirigiu a mim para que eu a socorresse de sua casa. (...) Cumpria à risca os ditames da lei da nobreza - maneiras pomposas, gênio caritativo, prodigalidade em beneficios e favores". As receitas eram pequenas, as despesas enormes. Devia saber que a sua avó, a primeira marquesa, ViceRainha da India, quando enviuvou do marido (sic!) achou a Casa tão empenhada que foi preciso que D. José « em Provisão nomeasse Inacio Pedro Quintela "administrador de todas as suas dependências, interesses e total economia». E porque se achavam apreendidos quase todos os bens e rendimentos por execuções e posses de credores, sendo a maior a Santa Casa da Misericordia e ocorriam novas penhoras de maneira a dificultar a congruente porção para em cada mês se assistir à Marquesa e suas filhas e tamb+em a D. Pedro de Almeida com o decente tratamento, mestres para sua educação e mais gastos necessários, procuradores para as dependências da Casa, culturas das Fazendas de Almeirim, etc. «mandava-se que houvesse um cofre onde se arrecadassem todas as rendas e separados os alimentos, à proporção das mesmas Rendas e das dividas se rateasse o resto pelos credores pela sua antiguidade. Mas apesar das providências de Quintela («e ser êle considerado por todos de boa fé e notória probidade») os rendimentos foram tão diminutos que D José por outra provisão autorizava o pagamento dos credores «com os rebates que se ajustassem» para poder-se conseguir o desempenho da Casa. Depois sucedeu a aventura do 2° Marquês, sua prisão no forte da Junqueira, o confisco dos bens, etc.»
O título de Conde de Assumar não foi renovado, e desde o titulo de ALORNA ficou ligado ao titulo de Fronteira. Depois da morte do filho, o Conde de Oeynhausen D. Carlos Ulrico, em 14 de agosto de 1822, a condessa ficou vivendo em tristeza, e poucas vezes saía do retiro. Só compareceu na abertura real das cortes em 1826, servindo de camareira-mor, e em 1828, como dama de honor da infanta D. Isabel Maria, na sessão em que a infanta entregou o governo do reino a seu irmão, o infante D. Miguel. Assistiu ao Te-Deum que se cantou na Sé, quando D. Pedro IV de Portugal e D. Maria II de Portugal entraram em Lisboa; às exéquias de D. Pedro IV, ao casamento de D. Maria II com o príncipe D. Augusto de Leuchtenberg. Ao segundo casamento de D. Maria II com D. Fernando não pode assistir, por causa da sua avançada idade, mas os reis foram visitá-la a Benfica.
Em 24 de Julho de 1833, o Duque da Terceira e o Marquês de Fronteira foram também visitá-la, apenas entraram em Lisboa. D. Maria II concedeu-lhe a banda da ordem de Santa Isabel. Era dama da Ordem da Cruz Estrelada, da Alemanha.
Os títulos de 6.ª condessa de Assumar e 4.ª marquesa de Alorna foram renovados por decreto de 26 de outubro de 1833. Súdita respeitosa e obediente aos soberanos, era pouco afeiçoada à medicina, tendo por inúteis os remédios em sua idade, a filha D. Henriqueta lembrou-se de lhe falar em nome da rainha, para que tomasse os remédios que os médicos receitassem.



Obras
As obras da Marquesa de Alorna publicadas depois da sua morte são:
«Obras poeticas de D. Leonor d'Almeida, etc., conhecida entre os poetas portugueses pelo nome de Alcippe». Lisboa, 1844, com o retrato da autora. Seis volumes.
Tomo I: Noticia biographica da marqueza, seguida de outra noticia historica de seu esposo e conde de Oeynhausen; Poesias compostas no mosteiro de Chellas; Poesias escriptas depois da sa­hida do mosteiro de Chellas.
Tomo II: Continuação das poesias lyricas, escriptas depois da sahida do mosteiro de Chellas.
Tomo III: A primavera, tradução livre do poema das Estações de Thompson; os primeiros seis cantos do Oberon, poema de Wieland, traduzidos do alemão; Darthula, poema traduzido de Ossian; tradução de uma parte do livro I da llliada em oitava rima.
Tomo IV: Recreações botanicas, poema original em seis cantos; O Cemiterio d'aldeia, elegia, imi­tada de Gray; O Eremita, balada imitada de Goldsmith; Ode, imitada de Fulvio Testi; Ode de Lamartine a Filinto Elysio, traduzida; Epistola a lord Byron, imitação da 2ª meditação de Lamartine; imitação da 28ª meditação do mesmo poeta, intitulada: Deus.
Tomo V: Poetica de Horacio, traduzida com o texto; Ensaio sobre a critIca, de Pope com o texto; O rapto de Proser­pina, poema de Claudiano em quatro livros com o texto.
Tomo VI: Paraphrase dos cento e cinquenta salmos que compõem o Psalterio, em várias espécies de ritmo seguida da paráfrase do varino cânticos bíblicos e hinos da igreja. Parece que a paráfrase dos salmos não fora feita sobre a vulgata, mas sim sobre a versão italiana de Xavier Matthei. Uma parte do Psalterio já fôra publicada em vida da autora, num volume de 4º, impresso em Lisboa, em 1833. A outra parte saíra também anteriormente com o título: Paraphrase e varios psalmos, Lisboa, 1817; também haviam sido impressas em Londres em 8º gr. as traduções da Poetica de Horacio, e do Ensaio sobre a critica, de Pope.
Também foi publicada ainda em vida da autora: De Buonaparte e dos Bourbons; e da necessidade de nos unirmos aos nossos legitimos principes, para a felicidade da França e da Europa: por F. A. de Chateaubriand. Traduzido em linguagem por uma senhora portu­gueza, Londres, 1814;
Ensaio sobre a indifferença em materia de religião: trad. de Lamennais, Lis­boa, 1820, 2 tomos;
Estudo biographico- critico, a respeito da litteratura portugueza, de Romero Ortiz, de pag. 61 a 96, que saíra também na Revista de España, tomo IX;
Elegia à morte de S. A. R. o principe do Brazil O sr. D. José, Lisboa. 1788.

Correia Garção

Correia Garção Nasceu em 1724 e morreu em 1772.
Foi o membro de maior prestígio e influência da Arcádia Lusitana, a qual se propôs reagir contra o gosto gongórico da fase literária anterior, o Barroco, e restabelecer as formas clássicas.
A sua obra poética consta de sonetos, odes, epístolas e sátiras. Escreveu ainda duas comédias: Teatro Novo e Assembléia ou Partida.
Após ter sido preso no Limoeiro, por ordem do Marquês de Pombal, faleceu de desgosto e revolta.

António Dinis da Cruz e Silva

António Dinis da Cruz e Silva nasceu em Lisboa em 1731 e morreu em 1799. Fundador da Arcádia Lusitana.
Foi magistrado do Reino na cidade do Rio de Janeiro.
As desavenças entre o Bispo de Elvas e o deão da Sé inspiraram-lhe o poema heróico O hissope, obra-prima do gênero na literatura portuguesa.
Curiosamente, foi Cruz e Silva o juiz no inquérito que levou à condenação os réus da Inconfidência Mineira.



Obras
O segundo volume apresentado das Obras de António Dinis da Cruz e Silva mantém o procedimento, já havido com o primeiro, de seguir como referência o texto da única edição de conjunto que foi feita à obra deste árcade: Poesias, saída em 1807-1817, em seis tomos. O presente volume compreende os tomos III e IV. Os tomos V e VI constarão de um terceiro volume, a publicar nesta coleção.

Manuel Maria Barbosa du Bocage

Manuel Maria de Barbosa l´Hedois Du Bocage (Setúbal, 15 de Setembro de 1765 — Lisboa, 21 de Dezembro de 1805), poeta português e, possivelmente, o maior representante do arcadismo lusitano. Embora ícone deste movimento literário, é uma figura inserida num período de transição do estilo clássico para o estilo romântico que terá forte presença na literatura portuguesa do século XIX.


Vida
Nascido em Setúbal às três horas da tarde de 15 de Setembro de 1765, falecido em Lisboa na manhã de 21 de Dezembro de 1805. Era filho do bacharel José Luís Soares de Barbosa, juiz de fora, ouvidor, e depois advogado, e de D. Mariana Joaquina Xavier l’Hedois Lustoff du Bocage, cujo pai era francês.
Sua mãe era segunda sobrinha da célebre poetisa francesa, madame Marie Anne Le Page du Bocage, tradutora do "Paraíso" de Milton, imitadora da "Morte de Abel", de Gessner, e autora da tragédia "As Amazonas" e do poema épico em dez cantos "A Columbiada", que lhe mereceu a coroa de louros de Voltaire e o primeiro prémio da academia de Rouen.
Apesar das numerosas biografias publicadas após a sua morte, boa parte da sua vida permanece um mistério. Não sabemos que estudos fez, embora se deduza da sua obra que estudou os clássicos e as mitologias grega e latina, que estudou francês e também latim. A identificação das mulheres que amou é duvidosa e discutível.
A sua infância foi infeliz. O pai foi preso por dívidas ao Estado quando ele tinha seis anos e permaneceu na cadeia seis anos. A sua mãe faleceu quando tinha dez anos. Possivelmente ferido por um amor não correspondido, assentou praça como voluntário em 22 de Setembro de 1781 e permaneceu no Exército até 15 de Setembro de 1783. Nessa data, foi admitido na Escola da Marinha Real, onde fez estudos regulares para guarda-marinha. No final do curso desertou, mas, ainda assim, aparece nomeado guarda-marinha por D. Maria I.
Nessa altura, já a sua fama de poeta e versejador corria por Lisboa.
Em 14 de Abril de 1786, embarcou como oficial de marinha para a Índia, na nau “Nossa Senhora da Vida, Santo António e Madalena”, que chegou ao Rio de Janeiro em finais de Junho. Na cidade, viveu na atual Rua Teófilo Otoni, e diz o "Dicionário de Curiosidades do Rio de Janeiro" de A. Campos - Da Costa e Silva, pg 48, que "gostou tanto da cidade que, pretendendo permanecer definitivamente, dedicou ao vice-rei uma poesia-canção cheia de bajulações, visando atingir seus objetivos. Sendo porém o vice-rei avesso a elogios, fê-lo prosseguir viagem para as Índias". Fez escala na Ilha de Moçambique (início de Setembro) e chegou à Índia em 28 de Outubro de 1786. Em Pangim, frequentou de novo estudos regulares de oficial de marinha. Foi depois colocado em Damão, mas desertou, embarcando para Macau.
Estranhamente, não foi punido e deverá ter regressado a Lisboa em meados de 1790.
A década seguinte é a da sua maior produção literária e também o período de maior boémia e vida de aventuras.
Ainda em 1790 foi convidado e aderiu à Academia das Belas Letras ou Nova Arcádia, onde adoptou o pseudónimo Elmano Sadino. Mas passado pouco tempo escrevia já ferozes sátiras contra os confrades. Em 1791, foi publicada a 1.ª edição das “Rimas”.
Dominava então Lisboa o Intendente da Polícia Pina Manique que decidiu pôr ordem na cidade, tendo em 7 de Agosto de 1797, dado ordem de prisão a Bocage por ser “desordenado nos costumes”. Ficou preso no Limoeiro até 14 de Novembro de 1797, tendo depois dado entrada no calabouço da Inquisição, no Rossio. Aí ficou até 17 de Fevereiro de 1798, tendo ido depois para o Real Hospício das Necessidades, dirigido pelos Padres Oratorianos de São Filipe Neri, depois de uma breve passagem pelo Convento dos Beneditinos. Durante este longo período de detenção, Bocage mudou o seu comportamento e começou a trabalhar seriamente como redactor e tradutor. Só saiu em liberdade no último dia de 1798.
De 1799 a 1801 trabalhou sobretudo com Frei José Mariano da Conceição Veloso, um frade brasileiro, politicamente bem situado e nas boas graças de Pina Manique, que lhe deu muitos trabalhos para traduzir.
A partir de 1801, até à morte por aneurisma, viveu em casa por ele arrendada no Bairro Alto, naquela que é hoje o n.º 25 da travessa André Valente.
15 de Setembro, data de nascimento do poeta, é feriado municipal em Setúbal.



Filmes e Séries
Em 2006 a história de Bocage foi adaptada para a TV em uma mini-série da RTP.


Bibliografia
Couto, António Maria do. Memorias sobre a vida de Manuel Maria Barbosa de Bocage;
Silva, José Maria da Costa e. Vida de M. M. B. du B. por Silva (in tomo IV das Poesias publicadas por Marques Leão);
Felner, Rodrigo José de Lima. Biographia (in Panorama, vol. IX, 1846);
Castilho, José Feliciano de. Noticia da vida e obras de M. M. de B. du B.;
Silva, Rebelo da. Memoria biographica e litteraria àcerca de M. M. de B. du B.;
Estudo biographico e litterario (in edição completa das Poesias de Bocage, feita, em 1853);
Panorama, tomo X, 1853;
Xavier, F. N. Os documentos para a biographia de M. M. de B. du B. (in Archivo Universal);
Braga, Teófilo. Bocage;
Gonçalves, Adelto. Bocage, o perfil perdido. Lisboa, Editorial Caminho, 2003. ISBN 972-21-1561-8;
Aranja, Álvaro. Bocage, a Liberdade e a Revolução Francesa. Setúbal, Centro de Estudos Bocageanos, 2003.